08 janeiro, 2008

Preparar, apontar e download

Eu sei que ficar falando da mesma banda ou do mesmo álbum toda hora é chato, mas é que algumas coisas são significativas para acompanhar o que está acontecendo no mundo da música. É por isso que vou falar mais uma vez do In Rainbows (se já enjoou e não quer saber nada de gravadora etc e tal, pode parar de ler por aqui mesmo).

Não sei se vocês se lembram, mas a novidade de lançar um disco digital sem preço e por conta própria foi tão grande que o Radiohead não pôde ser incluido em nenhuma lista de premiação esse ano com o lançamento do sétimo álbum (ele não "existia" e não pôde ser computado, bizarro né?!). Então, a banda resolveu lançar a versão física (claro que esse não foi o motivo) no primeiro dia deste ano. Adivinha onde ele está nas paradas? Em primeiro lugar, reinando absoluto.

Aí você pergunta: e daí? Você ainda não justificou estar falando sobre isso DE NOVO. É o seguinte, mesmo livre para qualquer um ouvir/baixar pela Internet, o álbum ainda foi o melhor em termos de vendas. Ou seja, isso levanta uma questão: são os downloads e a era digital que estão minando a existência das gravadoras? Se uma banda que liberou o seu disco gratuitamente na Internet atingiu o topo nas vendas, as gravadoras precisam (urgente) encontrar outra justificativa para sua lenta morte.

jasonjeffrey.wordpressO mais recente grupo a perceber que essa coisa de gravadora já ficou no passado é o Coldplay. Já estão falando por aí na possibilidade de "ver no que dá". Está virando uma expressão corrente dizer "dar uma de Radiohead", porque no fim, todo mundo queria fazer a mesma coisa, mas faltou coragem. O RHD viu a oportunidade e arriscou. Criou um sucesso tão absurdo que agora todo mundo quer seguir.

Quais vantagens para nós, consumidores de música, nessa confusão toda? As grandes gravadoras estão todos os dias eliminando os DRMs (bloqueios nos arquivos digitais), criando pacotes/promoções e outras artimanhas para manterem os grupos e os consumidores. Já as bandas estão pensando maneiras novas de nos conquistar e, nesse vai e vem, a música tende a ficar cada vez mais acessível por preços cada vez mais razoáveis. Agora sim, nós estamos assistindo uma verdadeira revolução digital e de camarote.