20 dezembro, 2007

Overpowered de Róisín Murphy

Para ninguém dizer que aqui virou blog de fofocas, vou falar exclusivamente de música nesta estrada. O objeto será Overpowered de Róisín Murphy, escolhido por nós como um dos melhores álbuns lançados em 2007, mas ainda não comentamos ele por aqui.

Em primeiro lugar, eu sei que muita gente que está lendo isso não conhece essa tal de Róisín Murphy. Então vou explicar:

Róisín MurphyUma das divas da pista de dança, tenho certeza que Kylie Minogue sonha em ser como ela. Róisín Murphy nunca estudou música e entrou no Moloko de pára-quedas, assim, no impulso. Conheceu Mark Brydon em uma festa, em 1994, e juntos formaram uma das duplas eletrônicas mais veneradas pelos ingleses.

Moloko produzia música dançante, criativa, estranha e interessante. Indico “Sing It Back” para dançar e “Fun For Me” para entender o rótulo de estranha.

A dupla se desfez em 2003 (com alguns revivals até 2005) e quando tudo parecia perdido e os clubbers já se sentiam órfãos da musa, Róisín foi corajosa e decidiu seguir sozinha. Ela voltou para reafirmar seu dom como cantora e sua capacidade como produtora. Essa irlandesa provou que, ao contrário do que muitos pensam, é possível fazer música de qualidade para as noitadas de pura diversão.

Seu debute solo foi Ruby Blue, de 2005, recheado de canções de difícil digestão, inteligente, com belos efeitos eletrônicos e a suave voz de Róisín mergulhada em uma sonoridade psicodélica. “Night of the Dancing Flame”, “Ramalama” e a própria “Ruby Blue” são ótimos exemplos da complexidade das faixas do álbum.

OverpoweredDois anos depois, em outubro de 2007, lançou Overpowered, seu segundo álbum, que podemos chamar de “mais comercial”. Sem perder a qualidade e a imprevisibilidade, a Srta. Murphy conseguiu montar em 11 faixas um álbum criativo e contagiante.

“Overpowered”, além de dar o nome, abre o disco e é uma canção que, ao iniciar, te faz confundir leveza com simplicidade. O equívoco é corrigido assim que aparecerem synths inesperados e uma suave harpa que servem para criar o clima do que está por vir.

Depois da sensação de tranqüilidade e inquietude (contraditório mesmo) causada pela primeira faixa, “You Know Me Better” tem o poder de impulsionar o corpo para movimentos estranhos e, quase sem perceber, já estamos dançando.

Esse bizarro domínio que a música exerce sobre os músculos continua com “Checkin’ On Me” e “Let Me Know”. Sendo que a primeira traz uma levada Embalos de Sábado à Noite ao fundo; e a segunda surpreende pelo início exibicionista da voz de Róisín e um refrão que gruda na cabeça de qualquer um.



Videoclipe oficial de "Let Me Know", com os músculos de
Róisín Murphy reagindo estranhamente ao próprio som.

Em seguida, a romântica “Movie Star” causa uma reação imediata nos quadris, incrementada pela letra meiga e charmosa que transforma os termos do mundo cinematográfico em uma metáfora da vida.

“Primitive” é dominada pela sensualidade, o que contrasta com o funky beat de “Footprints”. “Dear Miami” mantém a pista dançando enquanto faz um pedido de atenção ao aquecimento global. Na seqüência, o chão treme com “Cry Baby”, a mais nova inclusa na lista de necessárias na balada.

Fechando o álbum aparece “Tell Everybody”, a faixa mais fraca do álbum que se justifica na beleza do vocal de Róisín, e “Scarlett Ribbons”, baladinha romântica ideal para o fim de noite, quando os pés já imploram por descanso.

Overpowered é uma noite de diversão completa, do início ao fim. Estabelece o clima, agita o corpo e depois oferece conforto e relaxamento antes de voltarmos à rotina do dia-a-dia.