É um pouco difícil explicar a sensação que tive ouvindo o Red Carpet Massacre. Talvez seja culpa da expectativa elevada já que os meus queridos do Duran Duran se juntaram a Timberlake e Timbaland para o projeto. Saiu, ouvi e resumo: ficou esquisito.
Quando ouvi, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi: o pop-hiphop-funky-dance aparentemente não entendeu muito bem a essência new wave do Duran Duran. Talvez eles estivessem trabalhando no piloto automático e confundiram as faixas, não sei.
Todas as 12 faixas são muito bem produzidas, muito bem feitas e percebe-se o capricho, mas esqueceram um pouco do que faz um grupo se destacar no meio dos outros: personalidade.
01. The Valley:
The Valley abre o disco com uma sensação bem Duran Duran começo dos anos 90. Inconfundível voz de Simon Le Bon na faixa que é boa, mas não traz nada demais. Seria perfeita para trilha de uma cena de boate qualquer em filmes de qualidade duvidosa.
02. Red Carpet Massacre:
A faixa que dá título ao álbum é a segunda. Red Carpet Massacre abre igual seriado da década de 80 e de repente entra um pancadão que até assusta. Um pouco Electric Barbarella e é minha favorita das 12 do disco.
03. Nite Runner:
Aí vem Nite Runner e a coisa fica confusa. A impressão é que pegaram uma sobra de FutureSex/LoveSounds e colocaram no disco. Ela tem muito de Justin Timberlake e nada de Duran Duran. Nem sequer a voz, marca registrada do grupo, é reconhecível na faixa. A música é muito boa, mas até agora não entendi o que ela está fazendo ali.
04. Falling Down:
Na quarta faixa vamos para um clima baladinha a la Ordinary World modernosa. Uma das melhores faixas do álbum porque tem identidade. Recheada de backing vocals suaves, melodia charmosa e letra inteligente. Um pedido de socorro na posição de alguém que atingiu o fundo do poço e percebe que está sozinho, uma crítica direta às internações constantes em rehabs que viraram moda ultimamente.
05. Box Full O'Honey:
Eu não sei nem o que dizer sobre Box Full O’Honey. O refrão é ótimo, já o resto. A faixa não tem graça, lentinha com rima pobre (knees e trees ou dirt e hurt), salva pelo piano ao fundo e um vocal admirável (como de costume).
06. Skin Divers:
Quando ouvi Skin Divers pela primeira vez eu falei: é piada, só pode, essa música ta errada. Ou então eu estou tendo uma alucinação. Dance-HipHop? Mesmo? Acho que eles que estavam tendo uma alucinação coletiva quando decidiram que a faixa deveria entrar na seleção do álbum. Tenho certeza que se tivessem perguntado para qualquer pessoa, até a faxineira do estúdio, ela ia dizer: ah num fode guarda e dá de presente pro Nelly.
07. Tempted:
Aí como já tava todo mundo doidão mesmo, pegaram uma batida Gala (é, Gala, lembra? As 7 Melhores Jovem Pan milnovecentosebolinha) e colocaram no fundo de Tempted. Só que dessa vez deu certo. A faixa é muito boa e, mesmo sendo diferente de tudo que eles já fizeram, tem cara de Duran Duran.
08. Tricked Out:
No embalo vem uma faixa instrumental que pode mudar seu conceito sobre faixas instrumentais. Tricked Out é ótima, divertida e lembra um pouco Contos da Cripta/Além da Imaginação com um clima obscuro e interessante.
09. Zoom In:
Seguindo o estilo dark, vem Zoom In. Se tratando de Duran Duran nada é realmente dark (apesar que nesse álbum está valendo de tudo). Música perfeita para a noitada, boa de dançar e do tipo que fica na cabeça da gente horas depois de ouvir.
10. She's Too Much:
Terceira tentativa de uma balada no álbum, só que essa foi daquele tipo de equívoco assustador. Aguda em excesso, repetitiva e nada, mas nada criativa. Devia ter ficado em uma caixa esquecida no porão junto com Box Full O’Honey.
11. Dirty Great Monster:
Sax, paradinhas inesperadas, backing vocals, esquisitices. Dirty Great Monster é daquelas faixas grandiosas que te surpreendem. Começa de um jeito, caminha na direção oposta, faz uma curva sem aviso, você se pergunta “como é?” e ela termina, com gosto de repeat please.
12. Last Man Standing:
Por fim, na última faixa do disco voltamos ao Duran Duran de sempre. Ao grupo que você encontra nas faixas que não viraram hits ao longo da carreira. Last Man Standing é uma boa faixa, tem cara de new wave, jeito de new wave e pianinho com guitarra. Seria um excelente final se não fosse pelo resto.
Red Carpet Massacre, apesar de esquizofrênico, é um bom disco. O problema é que deixa uma questão martelando na cabeça do ouvinte: afinal, que banda é essa?