Ontem aconteceu a abertura do Eletronika e fui lá dar uma conferida na apresentação do LCD Soundsystem.
O grande bafafá em cima do grupo é a mistura de rock com música eletrônica, certo? Nunca entendi bem o porquê disso, afinal essa mistura não é novidade nenhuma. Alguns grupos de synth pop ou dance-rock começaram com isso há quase 30 anos. De qualquer maneira, sempre vale a pena dar uma conferida no que os músicos de New York andam fazendo.
Primeiro é importante dizer que o show aconteceu no Chevrolet Hall. A maioria das pessoas de Belo Horizonte que já foi ao C. Hall reclamou pelo menos uma vez da preparação acústica do local, ou melhor, da falta dela. Eu, por sorte talvez, nunca havia ido a um show por lá no qual a casa tivesse realmente atrapalhado. Isso até ontem.
Como estou falando de um ginásio, é fácil imaginar como o som batia nas arquibancadas vazias e voltava completamente distorcido aos ouvidos de quem estava lá. Mesmo com as faixas de pano estiradas do teto ao chão que (acredito eu) tentavam amenizar este efeito, em alguns momentos eu só conseguia entender o que estava acontecendo se tampasse os ouvidos e acompanhasse o show em um “volume mais baixo”.
Quando o LCD Soundsystem subiu ao palco a imagem era idêntica a de uma banda de rock se posicionando, um pouco inusitado sendo que estou falando de uma festival de música eletrônica. James Murphy já foi definido como uma das personalidades mais influentes de NY (na música, claro) e isso não parece ter afetado a educação do DJ, produtor, dono de gravadora e líder do LCD. Na apresentação ele conversou com o público, já abrindo seu discurso com um pedido de desculpas por não falar português e repetindo incontáveis obrigados.
Murphy abriu o show com “Us V Them” acompanhado pelo guitarrista Al Doyle (membro também do Hot Chip), o irreverente baterista Pat Doyle em seu micro-short verde limão e Nancy Whang responsável pelos sintetizadores, teclado e (infelizmente) alguns vocais.
O baixista, Phil Skarich, merece atenção especial. Sem sua presença não haveria show, nem sequer música. Seu instrumento define a maioria das canções e criou os pontos altos da apresentação.
A tão falada mistura (eletrônica e rock) em vários momentos parecia apenas um retorno à década de 80. Se o New Order nascesse hoje, é bem provável que faria música igual à “All My Friends” ou “Tribulations”. O que no meu conceito é um grande elogio, só não é tão criativo quanto se pinta.
Nas partes em que a experimentação musical se destaca, como em “Movement”, “North American Scum” e “Daft Punk Is Playing At My House”, a referência é óbvia e bem vinda. Um tipo Daft Punk modernoso, dançante e que agita a platéia.
Os mocinhos (e a mocinha) do LCD Soundsystem são bem falados em todos os cantos e alguns dizem ser o melhor show do mundo na atualidade. É muito bom, mas não chega nem ao melhor do ano para mim. Foi um show de qualidade, bem apresentado e que conseguiu balançar os esqueletos do público que era pequeno, mas animado.
Só fica um enorme porém para a intragável “Yeah” que, na noite de ontem, parecia sem fim e torturava meus ouvidos cada vez que Nancy Whang se aproximava do microfone com um dos vocais mais desafinados que já ouvi.
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