22 novembro, 2007

Sawdust - The Killers

Gente, a idéia inicial desta entrada era analisar o novo cd do The Killers, o Sawdust, mas descobri que para mim é uma tarefa quase impossível. Sou fã da banda, isso é fato. O melhor que posso fazer é tentar explicar primeiro o porquê.
The Killers
Tudo começou em 2004 com o Hot Fuss, primeiro álbum do grupo, ou seja, sua apresentação no mundo da música. O fuss em cima do álbum foi em cima de Somebody Told Me e Mr. Brightside. Duas faixas extremamente vendáveis que fizeram a cabeça de muita gente e também irritaram muitos outros. Como eu sou uma pessoa que não ouve rádio, não chegou a me incomodar. São duas músicas boas, mas não resumem o álbum. Faixas como On Top, Believe Me Natalie e All These Things I’ve Done anunciaram melhor o que era o novo grupo: uma versão revisitada e atual de new wave. Música contagiante, feita para dançar e cantar. No limiar do banal (ou seja, o que leva multidões) e da genialidade. Equilíbrio da receita de sucesso tão obscura para nós.

O Hot Fuss foi bem criticado em todos os cantos e vendeu mais de 5 milhões de cópias no mundo inteiro. Depois disso os olhos se voltaram para o lançamento do segundo álbum. A famosa maldição do debute. Já é de praxe dizer que um álbum de lançamento bem sucedido é fácil (não sei de onde tiraram essa idéia, mas...), o problema é dar seqüência. Então em 2006, veio o Sam’s Town.

Sam’s Town é um álbum que para quem esperava outras Somebody Told Me’s é decepcionante. A crítica não gostou, os ouvintes das rádios não gostaram, eu gostei (e aparentemente o público que assistiu a apresentação deles aqui no Brasil também adorou). O álbum é condizente com a expectativa criada no primeiro, aquela mencionada acima, a inteligência acessível. Brandon Flowers estava provando que não era só mais um na lista de vocalistas bonitinhos que dominou o cenário pop. Tem uma voz impecável, sempre afinada e, mesmo com uma língua maior que a boca, sabe direitinho como exercer o papel de líder e showman.

Seqüências melódicas grandiosas, destaques para as linhas suaves de guitarra e baixo, e as letras, bom, as letras não são Bob Dylan, mas também não são Avril Lavigne. Existe uma mensagem mais consistente a ser passada, mas nenhuma pretensão de mudar o mundo. E quem disse que precisa? Uma linha saudosista nos temas (todo pensando em um lado obscuro e desconhecido da Las Vegas que não é dos turistas) que combina perfeitamente com a proposta de retorno ao pop anos 80, influência de grupos como Depeche Mode, e o pós-punk britânico como Joy Division e The Cure. Atenção, eu disse influência. Não ouça o álbum esperando cópias, porque a idéia não é essa.

SawdustEntão, agora sim, sobre o Sawdust, lançado há pouco mais de uma semana. É certo que o The Killers só tem dois álbuns de estúdio até o momento e realmente é um pouco cedo para lançar uma coletânea de raridades e faixas lado-B, ah mas e daí? Eles queriam lançar suas versões de algumas músicas e mostrarem para o mundo o que eles gravaram. Será que é uma boa idéia nessa altura do campeonato? Não importa, o fato é que o álbum está aí com 18 faixas que exibem mais uma vez a habilidade vocal de Brandon Flowers.

Das raridades e versões, algumas podiam ter se perdido no processo que não fariam falta, como Romeo and Juliet (um cover mais lento e insosso do sucesso do Dire Straits) e Sam’s Town Abbey Road Version.

Em compensação a bela versão de Shadowplay (do Joy Division) e Tranquilize (com Lou Reed) já justificam a existência do cd. Sendo que a primeira, me arrisco a dizer, ficou ainda melhor que a original.

O Sawdust ainda traz as faixas que eram bônus espalhados pela Internet dos dois primeiros álbuns (Change Your Mind, All The Pretty Faces e Where The White Boys Dance). Além da faixa Leave The Bourbon on the Shelf, a continuação da história de Jennifer, a mesma de Jenny Was A Friend of Mine (no Hot Fuss).

Que a “coletânea” foi feita para os fãs não há dúvidas. Dificilmente alguém que não gosta do grupo mudaria de opinião a partir deste conjunto de faixas. E para quem não conhece The Killers, definitivamente o Sawdust não é um bom começo. Já para os fãs, como eu, é mais uma oportunidade de se deliciarem.